Opinião: Frustração e insensatez- Artigo de Osias Wurman-O Globo

Frustração e insensatez
Osias Wurman
Não se conseguiu, até agora, entrever o futuro dos países árabes depois das revoltas, produto da ânsia por mais liberdade e da insurgência contra a corrupção e a tirania..
Há uma certa dose de frustração e vazio, como dramaticamente expressa a juventude egípcia.
Ao mundo árabe faltam líderes populares que possam organizar anseios difusos que permeiam os centros das manifestações.
Procuram, agora, razões que aglutinem as massas para novas investidas coordenadas por um sentimento palpável, seja ele religioso, econômico, libertário ou psicológico.
Enquanto não encontrarem uma liderança para um hipotético pan-arabismo, os povos árabes passarão por agitações e embates sem fim.
Aproveitando-se deste vazio de poder, o terror instalado pelos militantes armados do Hamas, que dominam a Faixa de Gaza, vem promovendo uma perigosa e irresponsável chuva de foguetes e morteiros contra os civis israelenses, no intuito de angariar a simpatia dos insurgentes de plantão.
Enganaram-se, porém, ao imaginar que o governo de Israel iria deixar-se arrastar para uma nova escalada de violência, objetivo perseguido pelos que desejam capitalizar a revolta árabe para a causa do terror fundamentalista.
É difícil imaginar uma nação soberana, possuidora de um dos melhores exércitos do mundo, aceitar tamanho volume de agressões físicas, revidando apenas com represálias pontuais e dirigidas contra os cabeças do terror.
Entrar numa escalada bélica com os palestinos, no momento atual, é a última coisa que o Estado de Israel deseja.
A sociedade israelense, incluídos os vinte por cento de árabes- israelenses, é uma ilha de democracia e liberdade de expressão, cercada por todos os lados de tiranos, monarquias opressoras dos direitos humanos, déspotas e fundamentalistas do terror, vide a matança em andamento, promovida por Assad na Síria.
Impressiona a quantidade de armas infiltradas de onde, em apenas 3 horas, há poucos dias, foram lançados 45 foguetes contra Israel. O total lançado em 2010 pelos palestinos foi de 258 Qassam ou morteiros. Já nos primeiros quatro meses de 2011 caíram mais de 300 petardos nas cidades vizinhas a Faixa de Gaza.
Impossível prever até quando, e como, o governo de Israel poderá manter-se contido. Diante das agressões sofridas, nos últimos dias, que incluem a explosão intencional de um morteiro antitanque num ônibus escolar devidamente sinalizado pela cor amarela.
Diante desta perigosa situação de provocação, o silencio do Conselho de Segurança da ONU e das organizações de direitos humanos, em todos os níveis internacionais, pode ser estimulante aos agressores.
Essa chuva de insensatez poderá provocar, a qualquer momento, uma escalada bélica. Indesejável, e com mais perdas humanas.

Osias Wurman- é jornalista e cônsul-honorário de Israel no RJ owurman@globo.com

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