Conib destaca
Terça-feira, 22 de Março de 2011
Por Celia Bensadon
Textos e manchetes da mídia nacional e estrangeira
Para informar nossos ativistas comunitários
1. Brasil defende fim de ataques na Líbia
No mesmo dia em que o presidente dos EUA, Barack Obama, se despediu do Brasil, o governo brasileiro lamentou a morte de civis na Líbia e pediu oficialmente o cessar-fogo o quanto antes para os países da linha de frente do bombardeio. Em nota que começou a ser redigida de manhã e só foi divulgada à noite, depois de intensas negociações entre Itamaraty e Planalto, o governo "manifesta expectativa de que seja implementado um cessar-fogo efetivo no mais breve prazo possível". Repetindo a argumentação que já usara para se abster na votação do Conselho de Segurança da ONU que abriu as portas aos bombardeios, a nota insiste na retomada de negociações e na busca de saída diplomática. Divulgado pelo Itamaraty, o texto afirma que o cessar-fogo será "capaz de garantir a proteção da população civil" e criar condições de resolver a crise pelo diálogo (Por Eliane Catanhêde, Folha de S.Paulo). Leia mais em:
Lula defende ida de secretário-geral da ONU à Líbia
Conselho de Segurança deve debater hoje a situação na Líbia
Tripoli pede reunião de urgência à ONU
2. Tom da mensagem foi atenuado ao longo do dia
O texto divulgado no início da noite de ontem não condena a ação das forças ocidentais nos ataques à Líbia - como fizeram, por exemplo, países como a Rússia ou a China -, mas "reitera sua solidariedade com o povo líbio na busca de uma maior participação na definição do futuro político do país, em um ambiente de proteção dos direitos humanos". Além disso, reforça o apoio às missões de negociação enviadas ao país, a primeira liderada pelo ex-chanceler jordaniano Abdelilah al-Khatib, enviado especial das Nações Unidas, e um grupo de presidentes da União Africana. O Brasil foi o último dos países do grupo Bric a se manifestar. Desde o início dos ataques, Rússia, Índia e China já haviam colocado suas posições sobre o tema, semelhantes à brasileira. Da mesma forma, a Turquia e a Liga Árabe - que, inicialmente, registraram sua oposição, mas de forma mais contundente que o Brasil. Envolvida com a visita do presidente americano, apenas hoje a presidente Dilma Rousseff tratou da nota com o Itamaraty (Por Lisandra Paraguassu, O Estado de S.Paulo).
3. “Um novo tom”
A nota oficial do governo brasileiro sobre a atual situação da guerra civil na Líbia é exemplar do novo rumo de nossa política externa. Não chegamos a pedir explicitamente a saída do poder de Muammar Gaddafi, como fizeram Turquia e Índia, mas expressamos nossa "solidariedade" ao povo líbio "na busca de uma maior participação na definição do futuro político do país, em ambiente de proteção dos direitos humanos". Como essa "maior participação" é impossível com Gaddafi no poder, para bom entendedor basta. Mas a nota oficial não tem o tom de crítica à ação da coalizão militar, como chegou a ser cogitado durante o dia de ontem, atribuindo-se ao governo brasileiro a intenção de deixar claro que, ao se abster na votação do Conselho de Segurança da ONU, já previa que a intervenção militar do Ocidente teria como consequência a morte de civis, como está ocorrendo. O governo brasileiro limita-se, na nota, a "lamentar a perda de vidas decorrente do conflito no país", sem atribuir a culpa à ação desencadeada por ordem pessoal do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, durante sua visita ao país (Por Merval Pereira, O Globo).
4. Obama: América Latina está pronta para assumir um papel maior no mundo
Durante pronunciamento na capital chilena, Barack Obama disse que a América Latina é mais importante do que nunca para a prosperidade e a segurança dos Estados Unidos; uma região em progresso, pronta para assumir um grande papel no mundo. "Esta é a América Latina que vejo hoje, uma região que se move, orgulhosa de seu avanço e pronta para assumir um papel maior no mundo. (..)Os habitantes das Américas provaram que nada substitui a democracia" pelo que "temos a obrigação de defender esse legado", declarou o presidente dos Estados Unidos. E completou: "cada nação deve seguir seu próprio caminho, e nenhuma deveria impor sua vontade a outros". O Chile é a segunda etapa da viagem do presidente americano pela América Latina (Band). Leia mais em:
Obama e Piñera tentam encerrar mal-entendido entre Estados Unidos e Chile
“Louvor cauteloso à América Latina”
Chilenos protestam contra visita de Obama
5. Gaddafi deve sair, diz Obama no Chile
O presidente Barack Obama disse, durante entrevista no Chile, que a posição americana é de que o ditador líbio, Muammar Gaddafi, deve deixar o poder. Segundo ele, no entanto, os EUA vão cumprir especificamente a resolução da ONU, que prevê apenas a defesa de civis líbios. Obama disse ainda que o Exército americano prevê transferir em dias o comando da operação para outros países da coalizão. De acordo com o presidente, é preciso primeiro destruir as defesas antiaéreas de Gaddafi. Um oficial do governo americano afirmou que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) poderia assumir a liderança das operações. "Nossa ação militar apoia o mandato do Conselho de Segurança e tem o foco específico na ameaça humanitária que o coronel Gaddafi representa para seu povo. Não apenas ele está assassinando civis, mas ameaçou fazer mais", disse Obama (estadao.com). Leia mais em:
Deposição de Gaddafi é um objetivo, diz Obama
6. Dilma não gostou de ausência de Lula no almoço para Obama e vai marcar diferenças
O núcleo político do Palácio do Planalto avalia que a presidente Dilma Rousseff tirou de letra a ‘saia justa’ provocada pelo fato de o ex-presidente Lula ter rejeitado seu convite para o almoço oferecido ao presidente dos Estados Unidos , Barack Obama, sábado, no Itamaraty. Apesar dos agrados que ela continuará fazendo a Lula, interlocutores do governo avaliam que Dilma vai procurar cada vez mais imprimir uma marca pessoal a seu governo, e não vai pautar suas ações e decisões de olho no que pode melindrar ou não o antecessor (Por Maria Lima e Gerson Camarotti, O Globo). Leia mais em:
Viagem de Obama ao Brasil foi 'um degelo nas relações', diz analista
Analistas divergem sobre discurso de Obama
Visita de Obama é primeiro passo de amizade com Dilma, dizem analistas
7. “Dilma revoga o 'nunca antes'”
Certas imagens, como se sabe, carregam mais símbolos que muitas palavras. A que reuniu, no último sábado, Dilma Rousseff, Barack Obama e três ex-presidentes brasileiros poderá ser lembrada no futuro como o ponto final da era do "nunca antes neste país". Não por acaso, o grande ausente da fotografia foi justamente Luiz Inácio Lula da Silva , que cunhou a expressão e fez dela a síntese de seus oito anos de mandato. Ao convidar seus antecessores para a recepção à família Obama no Itamaraty, Dilma mostra que pretende pautar o início de seu governo por uma dose maior de institucionalidade e menor de pirotecnia (Por Vera Magalhães, Folha de S.Paulo).
8. “Agenda positiva com os EUA”
A visita de Barack Obama e família ao Brasil pode ser considerada um sucesso. Desconfianças e ressentimentos cederam terreno às demonstrações de apreço do presidente dos Estados Unidos ao nosso país e às colocações firmes, mas às claras, da presidente Dilma Rousseff sobre os pleitos brasileiros. Visitas presidenciais têm mais de simbolismo do que de substâncias. Não obstante, é razoável afirmar que as relações bilaterais subiram a um novo patamar diante do reconhecimento de Obama de que o futuro, para o Brasil, já chegou; de que o país não pode mais ser tratado como um “parceiro júnior”; e, sobretudo, por sua declaração de simpatia à reivindicação brasileira de se tornar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU (O Globo – Opinião).
9. “Visita protocolar”
A visita ao Brasil do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, transcorreu de maneira previsível, com a mornidão típica de compromissos diplomáticos. Nada de trepidante se anunciou, nem mesmo na questão nevrálgica das relações comerciais. Não que a viagem tenha sido desimportante, ao contrário: a manutenção da agenda, no auge da crise da Líbia, atesta a determinação de revigorar as relações, estremecidas na administração Luiz Inácio Lula da Silva. A vinda de Obama logo no terceiro mês de mandato da nova presidente, Dilma Rousseff, só faz enfatizar a relevância simbólica da visita. Os primeiros passos para a reaproximação foram dados por Dilma. Ao deplorar a prática de apedrejamento no Irã, a presidente acenou com uma correção de rumo na política externa, bem recebida nos Estados Unidos. Obama, por seu turno, percebeu a oportunidade de lançar um gesto de relações públicas que também poderia ser apresentado ao público interno como promoção de exportações de seu país e criação de empregos (Folha de S.Paulo – Editorial).
10. “Muito simples”
Para ler o bilhete, curto, muito claro. OK, desculpe. Tudo na vida podia ser simples assim. Uma consulta vinda de Paris, da reunião que decidia o destino daquele país árabe, lá na África. Tomou só o momentinho que não chegou a interromper a conversa de Obama e Dilma. Hillary não sabia que os dois conversavam naquele momento. E, cá entre nós, se soubesse, não faria diferença, a conversa deles era o de menos. Sem uma palavrinha pessoal de Obama, a frota não poderia lançar foguetes no tal país, e Sarkozy e Cameron já estavam com seus aviões franceses e ingleses prontos para o ataque. A conversa com Dilma não seria longa, mesmo. Para não passar de referências superficiais nos temas incômodos. Só pegar o fone da ligação aberta com Paris, tudo OK aí?, Não entramos nos voos, OK?, mandamos só foguetes, então OK, vamos começar. Bye. Nenhum problema: o comando americano informa que não há mortos civis causados pelos 101 foguetes lançados sobre a cidade. É simples: os militares, e mais que todos os americanos, têm sempre esse cuidado. Os duros ataques a Obama por viajar durante a crise Líbia, feitos pelos jornais e TVs americanos, aprenderam que o seu presidente, mesmo no exterior, é uma pessoa simples. Para tudo (Por Janio de Freitas, Folha de S.Paulo).
11. “Agradeça o apreço”
A viagem de Barack Obama foi bem sucedida. Pelos dois lados. Dilma firmou seu estilo ao chamar os ex-presidentes, ao ser objetiva nas demandas comerciais. Obama e sua família deixaram a marca do carisma e da naturalidade. O que mais se pede de uma visita de presidente? Há sempre a expectativa de fatos concretos, mas uma viagem presidencial é um gesto, uma etapa do caminho. O ingrediente inesperado foi o presidente Obama autorizar daqui do Brasil o ataque ao arsenal aéreo de Muammar Gaddafi, na Líbia. Não deixa de ser irônico o fato de que antes dos aviões americanos os Rafale franceses foram precursores da ação internacional, no momento mesmo da conversa entre a presidente Dilma e o presidente Obama. Os Rafale poderiam ter sido a opção da compra dos caças se a decisão tivesse sido tomada no ano passado, e ainda estão na disputa. Mas os Estados Unidos foram mais discretos em seu lobby a favor dos FA-18, da Boeing (Por Miriam Leitão, O Globo).
12. “El Salvador?”
No fim das contas, o documento mais importante que resultou da visita do presidente americano ao Brasil foi o que cria um "grupo de monitoramento da relações econômico-comerciais". "Monitoramento", como se sabe, é um polissílabo curioso: usa-se em lugar de "controle" exatamente porque não significa grande coisa. No fim das contas, quem monitora sem controlar não exerce poder algum. E empresários brasileiros não se iludiram: deram boa nota às intenções anunciadas por Obama, mas, como disse um deles, não se imagina que ele tenha força política para derrubar barreiras comerciais no Congresso americano. E ninguém se ilude: visitas presidenciais, exceto no caso de ditadores, são, mais do que qualquer outra coisa, exercícios de relações públicas. Têm importância e alguma utilidade - mas sem qualquer garantia de resultados concretos a curto prazo. No fim das contas, talvez não seja exagero considerar Obama e família como visitantes extremamente simpáticos e bem preparados: foi uma visita com índice zero de gafes e mal-entendidos. Com certeza, será a mesma coisa no Chile e em El Salvador. A propósito: por que ninguém se lembrou de tentar descobrir o que o presidente americano vai fazer em El Salvador? (Por Luiz Garcia, O Globo).
13. “EUA tentam de novo se reaproximar do Brasil”
http://www.valoronline.com.br/impresso/opiniao/98/400511/eua-tentam-de-novo-se-reaproximar-do-brasil
Há bons motivos para que os EUA se aproximem do Brasil e para que o Brasil corresponda a eles. Os EUA não têm mais o poder econômico incontestável. O unilateralismo arrogante de George W. Bush e os desastres políticos dele decorrentes talvez tenham sido o último canto do cisne da velha ordem. Em um mundo dividido entre várias potências, emergentes ou não, sem hegemonias, os americanos precisarão, mais do que nunca, compor interesses e buscar convergências. O multilateralismo do presidente Barack Obama é o reconhecimento dessa realidade. Além disso, a política dos EUA para a América Latina contentou-se, quando muito, em cuidar dos laços com os países "confiáveis", como Colômbia e Chile, e desdenhar os demais. Por esse e muitos outros motivos, Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Venezuela, Equador e Brasil caminharam para governos de esquerda ou populistas com maiores ou menores traços de antiamericanismo. Nada mais natural para o governo Obama que recuperar o tempo perdido e tentar criar um clima favorável buscando sintonias com o Brasil, a maior democracia do continente (Valor Econômico – Opinião).
14. “Uma rede de terror armada por Chávez ameaça os EUA?”
A viagem do presidente Barack Obama à América do Sul mostrou a possibilidade de promissoras parcerias no Brasil e em outros países do continente. Entretanto, sua visita deveria chamar também as atenções dos EUA para o fato de que Irã e Venezuela conspiram para semear o terrorismo proxy de Teerã na região. No dia 22 de agosto de 2010, por sugestão do Irã, o presidente venezuelano Hugo Chávez recebeu representantes do alto escalão do Hamas, Hezbollah e da Jihad Islâmica Palestina para uma cúpula secreta na sede da inteligência militar em Fuerte Tiuna, no sul de Caracas. Entre os presentes estava o secretário-geral da Jihad Islâmica Palestina, Ramadan Abdullah Mohamed Shallah, um dos terroristas mais procurados pelo FBI; o líder supremo do Hamas, Khaled Meshal, e o "chefe de operações" do Hezbollah, cuja identidade é um segredo cuidadosamente guardado. A ideia da cúpula surgiu numa reunião entre o embaixador do Irã na Síria, Ahmad Mousavi, e seu colega venezuelano, Imad Saab Saab, da Embaixada da Venezuela em Damasco, no dia 10 de maio de 2010. Segundo o relatório recebido pelo chanceler venezuelano, os dois enviados discutiram a possibilidade de um encontro entre seus presidentes e o líder do Hezbollah, Hasan Nasrallah, e o iraniano sugeriu que os três se reunissem com Chávez em Caracas (Por Roger Noriega, The Washington Post, em artigo em O Estado de S.Paulo). Leia mais em:
Report: Turkey discovers weapons in Iran plane
15. “Outra doutrina em teste na Líbia ”
Independentemente das controvérsias sobre as ações de aliados na Líbia, desenrola-se naquele país, como no campo diplomático, uma legítima operação lastreada no multilateralismo, com apoio efetivo até de uma nação árabe, o Qatar, e da própria liga regional. É a aplicação prática da doutrina que chegou à Casa Branca com Barack Obama, em substituição ao unilateralismo bushiano, causa de enormes problemas para os Estados Unidos e o Ocidente (O Globo – Opinião).
16. “Vantagens óbvias de uma guerra liberal”
No demorado e indireto avanço rumo a um conflito militar com o líder líbio, Muammar Gaddafi, o governo Barack Obama apresentou um verdadeiro seminário sobre o modelo liberal de guerra. Há apenas uma semana, enquanto a situação começava a se voltar contra a rebelião que busca depor Gaddafi, Obama parecia determinado a manter os EUA longe do conflito civil da Líbia. Mas parece que o presidente estava disposto a envolver os EUA desde o início. Ele queria apenas garantir que isso fosse feito da maneira mais multilateral possível, afastando-se do estilo caubói. E, de fato, isso o governo conseguiu fazer. Ao menos no seu estágio inicial, a guerra na Líbia assemelha-se ao ideal perfeito de uma intervenção liberal internacionalista. Ela foi abençoada pelo Conselho de Segurança da ONU e apoiada pela Liga Árabe. Foi proposta por diplomatas do Departamento de Estado de Hillary Clinton, e não pelos militares do Pentágono de Robert Gates. Seu objetivo humanitário é muito mais claro do que sua conexão com a segurança nacional americana. E ela não foi iniciada pelos fuzileiros navais dos EUA, mas pelos caças da França. Em outras palavras, trata-se de uma intervenção saída diretamente do manual de Bill Clinton da década de 90 - uma abordagem muito diferente dos métodos mais unilaterais do governo George W. Bush (Por Ross Douthat, International Herald Tribune, em artigo em O Estado de S.Paulo).
17. “Atoleiro na Líbia”
Quando o Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas aprovou, na quinta-feira passada, o uso de "todas as medidas necessárias" para deter a matança na Líbia rebelada contra o coronel Muammar Gaddafi, esperava-se o que na vida civil se chama processo e, em linguagem militar, escalada. O ponto de partida seria a interdição do espaço aéreo do país, para impedir que o ditador continuasse a usar a aviação para atacar a população das cidades tomadas pelos insurretos. Isso provavelmente incluiria neutralizar as bases de onde poderiam ser alvejadas as aeronaves estrangeiras incumbidas de impor a chamada zona de exclusão sobre o território líbio. A intensidade da ofensiva, a sua duração e os seus desdobramentos dependeriam da reação do regime. Pelo visto, porém, a coalizão que assumiu a empreitada de conter Gaddafi, capitaneada pelos Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, resolveu queimar etapas, antes mesmo de qualquer reação. Quaisquer que sejam as baixas entre a população do país e o efeito dos ataques sobre o poderio militar do regime, os seus estilhaços políticos se projetaram em várias direções. O risco, argumentou a chefe da delegação brasileira, Maria Luiza Viotti, é fazer "mais mal do que bem". Ela falava da questão humanitária, mas a advertência se aplica à questão essencial na Líbia: a permanência de Gaddafi no poder (O Estado de S.Paulo – editorial).
18. “Em defesa do livre-arbítrio”
O início da operação sobre a Líbia foi bem-sucedido. As primeiras ações francesas, britânicas e americanas já diminuíram a terrível opressão das forças do coronel Muammar Gaddafi sobre Benghazi. Os rebeldes líbios estão aliviados: eles têm a impressão de ter sido salvos pouco antes do massacre. Salvos por quem? Pela coalizão que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, conseguiu organizar em tempo recorde. Nas cidades líbias, agora livres do medo, ouve-se aclamar a França e gritar o nome de Sarkozy, coisas que não costumam ocorrer com frequência. Entretanto, há alguns pontos pouco claros, o que é natural numa ofensiva tão complexa, montada com tanta rapidez. O primeiro-ministro francês, François Fillón, foi o idealizador da operação chamada Odisseia da Alvorada. Mas quem a dirige, na realidade são os americanos, que já travam duas guerras contra os muçulmanos no Iraque e no Afeganistão, embora proclamam que não são os coordenadores do projeto. Entretanto, se a ação se prolongar, será preciso rever o plano. Existem questões políticas em jogo. O temor de todos os membros da coalizão é a de que a ação seja entendida pelos países árabes e seus amigos como uma nova guerra dos povos do Norte contra os povos árabes (Por Gilles Lapouge, O Estado de S.Paulo).
19. Voto do Brasil irrita rebeldes em Benghazi
O comboio leal ao ditador Muammar Gaddafi, que se dirigia para Benghazi quando foi destruído pelos caças-bombardeiros franceses na noite de sábado, estendia-se por uma faixa de 30 quilômetros na saída oeste da "capital rebelde". Os benghazis visitam agora esse cemitério de veículos militares e têm certeza daquilo que os esperava naquela noite: seriam trucidados. "Veja o presente que Gaddafi trazia para Benghazi", brinca Najib Shekey, engenheiro eletricista de 30 anos. Sua sensação é a de que todos os habitantes da cidade foram salvos pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy. Quando ficam sabendo que o repórter é brasileiro, muitos balançam a cabeça em sinal de desaprovação e perguntam por que o Brasil se absteve na votação do Conselho de Segurança da ONU que autorizou a zona de exclusão aérea. Os líbios são fanáticos por futebol e, por isso, têm - ou tinham - apreço pelo Brasil. Agora, tentam entender por que esse apreço, na sua interpretação, não é retribuído. "O governo brasileiro apoia Gaddafi", constata Shekey. "Deve ser por causa de dinheiro. Talvez vocês tenham medo de que seus investimentos sejam prejudicados” (Por Lourival Sant'Anna - O Estado de S.Paulo).
20. Tropas da coalizão bombardeiam Trípoli pela terceira noite seguida
A capital da Líbia, Trípoli, foi alvo de novos ataques aéreos e com mísseis promovidos pela coalizão internacional que tenta impor uma zona de exclusão aérea no país. Segundo o governo líbio, os ataques deixaram vários civis mortos. As informações não puderam ser confirmadas de maneira independente. A zona de exclusão aérea foi estabelecida na semana passada por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, com o objetivo de proteger civis de ataques pelas forças leais ao líder líbio, coronel Muammar Gaddafi. Explosões e disparos de artilharia anti-mísseis foram ouvidos perto do complexo onde vive Gadafi em Trípoli, no bairro de Bab al-Aziziya (Terra). Leia mais em:
EUA desmentem morte de civis líbios pela coalizão
Caça dos EUA cai na Líbia, diz comando norte-americano
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21. “Nações desunidas”
Indefinições sobre os limites da intervenção militar na Líbia e sobre quem assumirá o comando da operação se e quando os Estados Unidos se retirarem para segundo plano - como é o desejo do presidente Barack Obama - marcaram um dia tenso nas Nações Unidas e na Otan ontem, mostrando que as divergências entre os países aliados podem comprometer a operação. O Conselho de Segurança da ONU se reuniu à tarde, mas a discussão sobre a Líbia, pedida em carta do chanceler líbio, Moussa Koussa, foi adiada. França, Reino Unido e EUA, que lideram a coalizão, ganharam tempo para seguir com o bombardeio pelo menos até quinta-feira, quando o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, levará ao conselho uma avaliação da situação. A indefinição já ameaça comprometer a participação de alguns países, como Itália e Noruega (Por Fernanda Godoy, O Globo). Leia mais em:
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Republicanos e democratas cobram explicações de Obama por decisão de ataque à Líbia
Gates: Military action in Libya should recede soon
22. Texto da ONU autoriza alvejar Gaddafi, defendem advogados
Alvejar Muammar Gaddafi e seu alto comando militar é permissível sob os termos da resolução do Conselho de Segurança da ONU, segundo advogados internacionais. Mas a mudança de regime na Líbia -o desejo último da maioria dos países que aprovou a moção- não é objetivo especificado em nenhum dos 29 pontos do texto da ONU. Se isso acontecer, será um subproduto da intervenção. A frase-chave na resolução 1.973 da ONU, "tomar todas as medidas necessárias (...) para proteger civis e áreas povoadas por civis sob ameaça de ataque", autoriza aos Estados participantes alguma margem para decidir o que é militarmente possível. As ambiguidades provocadas por uma formulação tão pouco precisa poderão até mesmo ter sido intencionais (Por Owen Bowcot, The Guardian, em artigo na Folha de S.Paulo).
23. Jornalista explica revoltas em países árabes
O jornalista Jaime Spitzkovsky, diretor de relações institucionais da Confederação Israelita do Brasil (Conib) falou sobre Israel e o Oriente Médio na sede da Na´amat Pioneiras, em São Paulo. Segundo ele, o cenário internacional no mundo árabe está relacionado a um processo muito amplo em curso no planeta, que é o fenômeno da urbanização, que vem mudando o padrão das organizações sociais, políticas e econômicas gerando um impacto global. Jaime explicou como diversos países árabes ainda são uma “ilha” de resistência às reformas políticas e econômicas e de como os regimes instrumentalizam a religião.
24. “É um dia triste, mas todos são iguais perante a lei”, diz Peres sobre condenação de Katsav
Assim, o presidente isarelense, Shimon Peres, se referiu à condenação a sete anos prisão de seu antecessor Moshe Katsav, julgado pelos crimes de estupro e assédio sexual. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu completou a frase afirmando que a condenação marca “um dia importante para a justiça israelense” (Por Ben Hartman e Yaakov Katz, The Jerusalém Post). Leia mais em:
Ex-presidente israelense é condenado a 7 anos de prisão por estupro
Former President Moshe Katsav gets 7 years in jail for rape
Leia mais em:
(visite nosso novo site: http://www.conib.org.br/ )
A Libyan Fight for Democracy, or a Civil War?
In Libya, new rifts open in international coalition
Western action against Gadhafi has self-serving interests
Our World: America’s descent into strategic dementia
Why the Arab revolt may be good for democracy – and Israel
The Region: The Israel treatment
Célia Bensadon
Depto. de Comunicação
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